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Rota da Cultura da Baleia

A Rota da Cultura da Baleia é um percurso circular que começa e acaba no coração da Vila das Lajes do Pico, proporcionando uma experiência única de contacto com o património cultural, natural, paisagístico, construído e etnográfico, associado à baleação e à cultura da baleia.
O percurso pedestre inicia-se na zona do Penedo Negro, próximo da Ermida de São Pedro, onde se encontra o antigo caminho de entrada e saída da vila para o lado nascente da ilha, em pedra primitiva onde estão visíveis vestígios de relheiras (marcas dos rodados dos carros de bois e das carroças).
Ao sair na estrada, no alto da ladeira, não perca a oportunidade de fotografar a Vila das Lajes com a imponente montanha como pano de fundo. Percorra algumas dezenas de metros e encontra a bifurcação com o Caminho da Queimada à direita, por onde deve seguir. Esta é uma zona de oficinas instalada junto ao Castelete, a chaminé de um cone vulcânico submarino muito erodido que junto com um troço de falésia que lhe está adjacente constitui uma importante zona de nidificação de cagarros (Calonectris diomedea borealis), muito comum nestas arribas. Após 900 metros deste caminho, em que o asfalto dá lugar à terra batida, encontra à sua esquerda uma escadaria em pedra, que dá acesso a uma canada de servidão que o irá levar à Estrada Regional. Na subida, num ponto elevado, vai encontrar a Vigia da Queimada, única vigia de baleias de 2 pisos da ilha. Chega à Estrada Regional e do outro lado continua a canada estreita que o leva ao Caminho das Terras, um caminho secundário asfaltado. Vire à esquerda e desça. Esta é a antiga ligação entre as Lajes e o lugar das Terras. A paisagem rural que pode observar é formada por cerrados de pasto e de cultivo, caminhos e infraestruturas agrícolas dos séculos XVII-XVIII onde predominam as atafonas, eiras e casas de abegoaria, onde eram guardados os utensílios de lavoura e as carroças.
Chega a uma bifurcação, junto a um reservatório de água. Vire à direita e suba pelo asfalto de frente para o Vulcão do Topo, que formou o complexo geológico mais antigo da ilha. A imponente Montanha está à sua frente quando lhe surge nova bifurcação. Não suba mais e siga pela esquerda pelo caminho Acima da Canada. Avance até encontrar, junto a uma ribeira, uma placa dos Serviços Florestais com a indicação: Almagreira / Transversal e Cabeço do Geraldo / Terras e Lajes. Saia do caminho e desça aí, à esquerda, por uma antiga vereda empedrada nas margens da Ribeira de Fernão Álvares (conhecida como Ribeira da Burra), tido como o primeiro povoador e fundador desta vila e provavelmente o primeiro que nesta ilha desembarcou.
É uma ribeira com muitos exemplares de pau-branco (Picconia azorica) e de incenso (Pittosporum undulatum). De repente, a vereda é o leito rochoso da ribeira, mas apenas por alguns metros. Entre de novo no atalho bem definido, à sua direita, para logo adiante encontrar uma íngreme escadaria, junto à ribeira que o leva até junto às casas da Ribeira do Meio e aos pastos e campos de milho.
Após a descida avista entre as casas à sua esquerda 2 grandes chaminés, uma em pedra e outra em tijolo. Logo depois saia na Estrada Regional, junto a uma ponte com o registo: OP1878. Do outro lado, desça 15 degraus para a antiga rua. Logo abaixo, vire à esquerda, ande cerca de 50 passos e desça a Grota do Alqueve à sua direita.
Chega aos antigos lavadouros públicos, onde é possível ver um poço de maré octogonal, com uma cartela circular contendo a inscrição CM1942, de onde era retirada a água e colocada num recetáculo que alimentava uma “levada”, que abastecia as 10 pias que ainda lá estão. Prossiga pelo litoral, em direção ao centro das Lajes. Numa baía de pedra, onde a Vidália (Azorina vidalii) floresce, foi em tempos construída uma rampa, por onde eram rebocadas as grandes baleias para a antiga Fábrica da Baleia - SIBIL, mesmo em frente, onde atualmente está instalado o Centro de Artes e de Ciências do Mar. Não deixe de visitar este espaço museológico cuja temática é a indústria baleeira: a pesca da baleia (cachalote), a produção dos seus derivados em óleos e farinhas e a sua respetiva comercialização. Mais 150 metros e à sua direita encontra o Forte de Santa Catarina, uma antiga fortificação do séc. XVIII para defesa das Lajes do Pico. Aqui, pode desfrutar da praça de armas, de uma zona de jardim e no miradouro, de forma privilegiada, apreciar uma paisagem deslumbrante onde mar e montanha se fundem num só.
Feita esta visita, sai da Rua do Castelo, na aproximação à vila. Já na Estrada Regional passa junto ao Convento de São Francisco e à Igreja de Nossa Senhora da Conceição que lhe está anexa, edifícios dos séculos XVII - XVIII, que se encontram do seu lado esquerdo. Atualmente funcionam lá os serviços da Câmara Municipal das Lajes do Pico, Polícia de Segurança Pública (PSP) e Finanças.
Mais adiante, junto à indicação da Zona Balnear da Lagoa encontra umas escadarias que o levam à Rua Engenheiro Falcão. Estas escadas são conhecidas como “a escadaria dos baleeiros” que aqui desciam em passo acelerado, depois do rebentar do foguete, vindos da Ribeira do Meio, Silveira e de outros locais, à procura de um bote baleeiro que os levasse ao encontro com os gigantes dos mares. Um grande cachalote em branco na calçada leva-o até junto das Casas dos Botes Baleeiros, junto à rampa de acesso ao mar. Trata-se de um conjunto de edifícios do séc. XIX, destinados à guarda dos botes baleeiros, e dos seus apetrechos, a palamenta, que se construíam na ilha e eram utilizados na caça à baleia. Atualmente, é aqui a sede do Clube Náutico das Lajes do Pico, instituição que dinamiza atividades marítimas e mantém viva parte da tradição baleeira.
O mar à sua frente tomou em tempos o nome de Lagoa de Cima, um sistema marinho abrigado, de características únicas nos Açores, com uma fauna rica e abundante, um importante viveiro de espécies piscícolas de elevado interesse comercial e de conservação, nomeadamente para meros (Epinephelus marginatus) cujos juvenis aqui surgem em densidades invulgarmente elevadas, mas também de salmonetes (Mullus surmuletus), pargos (Pagrus pagrus) e de badejos (Mycteroperca fusca). Na maré-alta, chegam cardumes de sargos (Diplodus sargus), salemas (Sarpa salpa), taínhas (Chelon labrosus), prombetas (Trachinotus ovatus), lírios (Seriola spp.) e enxaréus juvenis (Pseudocaranx dentex) que encontram alimento no tapete algal que reveste as rochas do fundo, que se juntam aos polvos (Octopus vulgaris) que também por aqui andam.
Siga pela Rua Engenheiro Falcão e encontra a Praça do Museu dos Baleeiros. Nesta praça é possível visitar o Posto de Turismo das Lajes do Pico que disponibiliza informação turística diversa da ilha e da região, dispondo ainda de uma loja com variados produtos locais e regionais. Junto ao Posto de Turismo, não deixe de visitar e de conhecer o Museu dos Baleeiros, instalado num conjunto de três casas de botes baleeiros do século XIX, uma referência na museologia açoriana, único em Portugal especializado na baleação artesanal, estacional e costeira.
Foi também nas Lajes do Pico que surgiu a primeira empresa de observação de cetáceos. Mesmo que uma saída para o mar não faça parte dos seus planos não deixe de visitar as empresas que se encontram nas imediações.
Cerca de 50 metros à frente encontra o acesso à zona portuária, conhecido como Caneiro, siga o desvio e no final encontra o Monumento à Baleação, da autoria do escultor Pedro Cabrita Reis, e um “traiol”, o sistema utilizado na transformação do cachalote antes da existência das fábricas da baleia, sendo os mesmos pequenas unidades de derretimento em grandes caldeiros, a céu aberto e a fogo direto. Ao regressar não continue pela avenida marginal, mas siga o percurso pelo passeio da frente marítima onde poderá apreciar a Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies das Lajes do Pico à direita. Mais à frente encontra o desvio para o Posto de Observação de Aves Selvagens da Plataforma Costeira das Lajes do Pico um local de excelência para a observação de aves, bem como para a contemplação da deslumbrante paisagem com vista para a montanha e para o mar. Continue o percurso e encontra o desvio para a zona balnear da Maré, uma piscina natural de excelência no que concerne a qualidade das suas águas, onde pode banhar-se, beneficiando de uma magnífica vista para a montanha e o Castelete. É de realçar a raridade do sistema lagunar que pode encontrar no lado oposto à zona balnear, um importante refúgio e local de nidificação para muitas das aves residentes e para algumas migratórias, especialmente para as marinhas.
Siga o percurso e um pouco mais à frente encontrará à esquerda um Padrão. Foi provavelmente neste local, ainda antes do ano de 1460 que navegadores, numa caravela fundeada ao largo do Castelete, terão lançado uma pequena lancha e enviado a terra os primeiros colonizadores da ilha do Pico, fundando o primeiro núcleo da primitiva povoação das Lajes. Logo adiante encontra à esquerda, a Ermida de São Pedro, a primeira edificação religiosa da ilha do Pico que terá servido com exclusividade até cerca de 1535, altura em que foi inaugurada a Igreja Matriz das Lajes, predecessora da atual, ampliada e construída no mesmo local. Foi nesta ermida que Frei Pedro Gigante batizou a primeira criança nascida na ilha do Pico.
Finalmente, uns 30 metros à frente, seguindo pela direita, chega ao Penedo Negro, local onde iniciou o percurso e onde termina agora a sua caminhada.
A Vila das Lajes é uma sede de concelho bastante interessante de se conhecer e explorar. Não terá dificuldade em encontrar um local para fazer uma refeição agradável. Se tiver oportunidade percorra as ruas do centro histórico das Lajes. Por toda a vila podem ser observados edifícios de habitação, bem conservados, dos séculos XVI a XIX, com as características “torrinhas”, influência da arquitetura americana da época da baleação.

Mapa do Percurso

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